Contaminação por aditivos químicos e pesticidas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, as intoxicações agudas por agrotóxicos são da ordem de 3 milhões anuais, com 2,1 milhões de casos só nos países em desenvolvimento. O número de mortes atinge 20.000 em todo o mundo, com 14 mil nas nações do terceiro mundo. Mas, acreditam os especialistas, as estatísticas reais devem ser ainda maiores devido à falta de documentação a respeito das intoxicações subagudas, causadas por exposição moderada ou pequena a produtos de alta toxicidade, de aparecimento lento e sintomatologia subjetiva, e intoxicações crônicas, que requerem meses ou anos de exposição, e tardiamente revelam danos como neoplasias.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE divulgou em ago/2004 o relatório de indicadores de Desenvolvimento Sustentável, no qual revela que o uso de agrotóxico no Brasil aumentou de 2,3 kg/ha para 2,8 kg/ha, uma elevação de 22%. O Brasil está entre os maiores usuários do produto, perdendo apenas para a Holanda, Bélgica, Itália, Grécia, Alemanha, França e Reino Unido, segundo dados do Sindicato Nacional das Indústrias de Defensivos Agrícolas - Sindag.

Dados (de 1999) do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - Sinitox, da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, imputavam aos agrotóxicos 10% dos casos de intoxicações registrados pelo órgão, com 6.710 vítimas. A porcentagem estava abaixo, apenas, das referentes a medicamentos, com 18.824 casos ou 28%. A maioria das estatísticas se refere a acidentes individuais (2.531 pessoas) e tentativas de suicídio (2.235 indivíduos). Em 2.000, o número subiu para 7.914 casos, com 149 mortes e porcentagem de 11% em relação ao total de intoxicações.

Segundo as estatísticas de 2.000, os acidentes com agrotóxicos no uso agrícola são mais comuns nas faixas etárias de 20 a 29 anos (1.209 registros) e de 30 a 39 anos (1.080 casos). Já nos acidentes domésticos, os mais atingidos são as crianças entre 1 e 4 anos (768 casos), seguidos de adultos de 20 a 29 anos (567 registros).

No Brasil, hoje, estima-se que morrem 5.000 trabalhadores/ano, vítimas de agrotóxicos. Grande parte dessas mortes poderiam se evitadas se houvesse o uso efetivo de equipamentos de proteção individual - E.P.I. (luvas, máscara, óculos de proteção, avental, outras vestimentas de proteção, botas e chapéu) por parte dos agricultores que manuseiam o produto.

Pesquisa da Fundacentro com 1.064 agricultores de 9 municípios de Minas Gerais entre 1991 e 2000 revelou que, com relação ao uso de agrotóxicos :
  •  Um trabalhador rural desprotegido (sem o uso de E.P.I.) tem a chance de se intoxicar aumentada em 72% com relação ao protegido;
  •  Os agricultores que têm o vendedor como orientador na compra e no uso de agrotóxicos têm 73% a mais de chance de se intoxicar do que aqueles que usam o Agrônomo;
  •  Para um agricultor que teve o último contato com agrotóxico há menos de 15 dias da realização do exame de colinesterase, a chance de se intoxicar é aumentada em 43%, se comparada àqueles que tiveram o último contato há mais de 15 dias; e
  •  A chance de intoxicação para os agricultores que citaram pelo menos um organofosforado ou carbamato como agrotóxico principal (manuseado por eles) é 115% maior se comparada àqueles que não citaram nenhum produto desses grupos.


Recentemente (maio de 2004), pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA revelou que as frutas e saladas consumidas pelos brasileiros têm alto índice (81,2%) de contaminação por agrotóxicos, especialmente a alface, batata, maçã, banana, morango e mamão , sobretudo estes dois últimos, comprometidos em boa parte das amostras.

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